O Espetáculo Teatral Borandá, um mergulho na experiência migratória, será apresentado neste sábado (29), às 19h, no Auditório Municipal “Francisco Beranger”, em Votorantim. A peça apresenta experiências humanas dos migrantes, a partir de relatos coletados pelo grupo. Com texto de Luís Alberto de Abreu e direção de Ednaldo Freire, a apresentação tem no elenco os atores Mirtes Nogueira, Carlos Mira, Kalil Jabbour e Harley Nobrega. O evento tem entrada gratuita com duração de aproximadamente 100 minutos e recomendação 12 anos. Além do espetáculo, haverá uma oficina sobre a vivência teatral para 30 pessoas no mesmo dia entre 15 e 18 horas.
O projeto conta com a realização do Governo do Estado de São Paulo, ProacSP – Incentivo à Cultura do Estado de São Paulo e na oportunidade tem o apoio da Secretaria de Cultura, Turismo e Lazer de Votorantim.
“Borandá é o resultado teatral da pesquisa feita pela Fraternal sobre o migrante, com o objetivo de refletir sobre a cultura e os valores de uma faixa da população que hoje constitui maioria e que tem alterado consideravelmente o perfil das metrópoles, principalmente em sua periferia e regiões circunvizinhas”, diz Luís Alberto de Abreu. A pesquisa foi iniciada no final do ano passado, quando começaram a ser entrevistados migrantes de várias regiões do País, num total de quinze entrevistas. “O nosso o objetivo era o de estabelecer a saga familiar de cada um desses migrantes, colhendo informações desde sua região de origem, relatos de sua viagem e sua fixação na cidade de São Paulo”.
Do material coletado foram criadas três sagas teatrais. “A primeira delas, intitulada Tião, busca traçar o perfil geral do migrante, seu processo de adaptação ao mundo industrial-urbano, a substituição de uma vida e de uma cultura rurais regidas pelos ciclos da natureza por um regime de trabalho contínuo, que muitas vezes o aliena de si próprio”, afirma Abreu. A segunda saga, denominada Galatéa, refaz a trajetória mítica dos heróis cômicos populares, que são obrigados a sair de sua terra de origem em busca de algo que lhe foi tirado. “Construído com traços macunaímicos e do grotesco-cômico, Galatéa é expulso do mundo rural e é empurrado em direção ao mundo urbano”.
A terceira e última saga, Maria Déia, traz como protagonista a personagem feminina dentro do processo migratório. “É uma saga dramática que fecha e tenta organizar e dar sentido à trajetória migrante: uma história de exclusão em seu local de origem e local de destino, perda de identidade e, muitas vezes, inconsciência do sentido e valor da própria trajetória”.
Construída toda a partir de elementos do teatro narrativo, Borandá compõe um painel épico do homem e da mulher migrantes. Quatro atores e uma atriz, com elementos mínimos de cena, respondem pelos inúmeros personagens que apresentam as três sagas.