O primeiro passo é inserir a língua crioula e a cultura haitiana no ambiente escolar para melhorar a aprendizagem e a socialização dos estudantes
A presença de sete crianças haitianas matriculadas na Escola Municipal Eugênia Maria da Silveira, no Jardim Tatiana, motivou a direção da instituição de ensino a criar o projeto “De mãos dadas”. O objetivo da ação é inserir a língua crioula e a cultura do país caribenho no ambiente escolar para melhorar tanto a aprendizagem quanto a socialização dos estudantes.
A ideia é estender o projeto além dos limites da escola e atingir os familiares dos alunos estrangeiros. Para isso, uma equipe multidisciplinar foi montada com a participação de educadores, psicóloga e assistente social.
O “De mãos dadas” será desenvolvido em cinco etapas. A primeira foi realizada no início do mês com a apresentação do projeto.
A segunda etapa ocorreu nesta quarta-feira (15) nas dependências da Escola Municipal Eugênia Maria da Silveira. O encontro teve a presença da assistente social Carla Cristina Portela de Jesus da Mota, especialista em gênero, sexualidade e direitos humanos pela Fiocruz.
Carla representa o Instituto Kayton em Ação, de Sorocaba, cujo trabalho é desenvolvido com refugiados e imigrantes para a garantia dos direitos sociais. Diante de funcionários da escola, a palestrante detalhou características culturais, sociais e comportamentais dos haitianos para as crianças serem melhor atendidas por parte dos profissionais da instituição de ensino.
No terceiro encontro, possivelmente no fim de setembro, a escola receberá os familiares dos alunos haitianos. Nesse dia, os convidados ganharão uma cartilha desenvolvida pela instituição de ensino com informações em português e em crioulo.
O conteúdo da cartilha terá nome, endereço e telefone de locais públicos da região do Jardim Tatiana, na qual as famílias vivem. A lista contará com dados de escolas, do Centro de Referência da Assistência Social (Cras) e unidade de saúde. O objetivo é facilitar o acesso desses imigrantes, os quais ainda não compreendem a língua portuguesa.
A penúltima etapa do projeto já contará com o aprendizado da língua crioula. Funcionários da escola serão ensinados a falar frases do dia a dia, importantes para as crianças, relacionadas à alimentação, saúde e higiene pessoal.
Na prática, as portas terão as palavras grifadas em português e crioulo. O mesmo ocorrerá em bebedouros, no banheiro e no refeitório.
O encerramento do projeto terá um novo encontro das famílias haitianas. A ideia é promover apresentações culturais do país.